Ensaios

Inspiração versus imitação

Categorias: pequenos textos sobre o universo da fotografia

Não, eu não sou uma fotógrafa desde criancinha. Não, não tenho pais fotógrafos, nem referências próximas na família. Antes de fazer meu primeiro curso, eu mal colocava a mão na minha saboneteira (câmera cybershot).

Essa falta de experiência talvez até tenha sido uma das maiores aliadas no início da minha carreira profissional. O que eu trazia de bagagem? Anos de estudo, leituras, viagens, anos vendo muito sobre tudo. Vendo coisas bonitas e interessantes. Muito apreço pelas artes também que foi me tornando alguém mais sensível durante minha trajetória de vida. Alguns anos de aulas de canto e pintura e dança.

No primeiro dia de aula de fotografia na UFRGS (que recomendo muito, porque lá os professores são mais artistas e menos “comerciais”) a professora falou: Para fotografar vocês terão que olhar centenas de milhares de fotografias. Com certeza o maior aprendizado que já tive desde que comecei! Olhar e olhar e olhar exaustivamente fotografias de outras pessoas. Cada foto que eu vejo eu absorvo de uma forma única e acabo usando como base na construção do meu próprio estilo, dos meus próprios trabalhos. Ao mesmo tempo, quanto mais fotos eu vejo, mais distante eu fico de uma só referência, e mais próxima de produzir algo só meu, algo ORIGINAL.  Isso é INSPIRAÇÃO!

Ao longo do curto tempo em que sou uma profissional de fotografia já me deparei com muita gente do mesmo ramo! Desde iniciantes, hobbystas, até mesmo profissionais procurando uma atualização. Dentro desse universo, o que mais me incomoda é a falta de capacidade que as pessoas tem de criar. A maioria não entende a diferença entre usar o universo de imagens ao nosso dispor como inspiração, e acaba se tornando um copiador. Quando se percebe estão buscando os mesmos fornecedores, ângulos, as mesmas locações, usando até os mesmos modelos para não correr o risco de algo sair um pentelhésimo diferente do original. Isso é IMITAÇÃO!

Mas afinal, isso tudo é culpa de quem?

Acredito que em primeiro lugar, na arte, o processo criativo em si não é para todos. Assim como a cadeira do emprego público e estável não era para mim, e lá eu incomodava mais do que ajudava, a carreira artística não pode ser apenas aprendida ou comprada em cursos e workshops. Metade do que se faz é INATO. Exige uma vocação natural.

Em seguida, a culpa é de nós mesmos que temos preguiça de pesquisar, olhar e olhar, tentar criar nosso próprio conceito e obviamente, ERRAR muito mais. Dá muito mais trabalho e leva mais tempo criar algo novo.

Por fim, também acredito na culpa de alguns professores, que entregam fórmulas mágicas aos alunos, com templates, presets, poses, tudo mastigadinho, e estimulam assim uma LOBOTOMIA em seus alunos. Alimenta seus egos talvez terem milhares de copiadores soltos pelo mundo, e também eles vendem mais assim.

Eu já errei muito e ainda erro. Já me peguei quase distraidamente copiando, mas não desisto de lutar contra essa tentação, e ter uma identidade minha! É isso que eu insisto em dizer para todos que fotografam: olhe centenas de milhares de fotos e encontre o seu estilo!

Algumas sugestões:

blogs de fotografia americana (quanto mais longe menor a chance de achar mais do mesmo);

Pinterest (algumas pessoas já tem inclusive painéis fantásticos que podemos seguir) a busca por palavras chave é ótima também;

500px (trabalhos de fotografia muito phodásticos por lá);

Assinar o feed das páginas dos seus fotógrafos favoritos;

clipes de música são geralmente uma referência inusitada e genial para um ensaio!

Bora olhaaaaaar

Danibat simplesmente

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